Capítulo 1 - 1998 - EUA

Minha primeira viagem para fora do Brasil foi para os Estados Unidos. Realizava-se o velho sonho de conhecer a terra do Tio Sam. Mas não era para a Disney que eu estava indo. Era para o Texas. Uau! Entrar em um saloon de verdade. Isso aconteceu em junho de 1998. Eu era estagiária de uma grande empresa e naquela época estagiário não tinha direito a férias, mas conversei com meu chefe Marco Aurélio e consegui uns dias de férias. E aí começaram os preparativos e ainda tinha o visto que, obviamente, eu teria que obter. Será que eu conseguiria o visto para visitar os Estados Unidos? Fiz todos os trâmites necessários e lá estava ele... estampado no meu passaporte. Meu primeiro visto internacional e logo para os Estados Unidos.

Meus pais não falavam muito, mas hoje eu tenho certeza de que eles estavam muito orgulhosos e ao mesmo tempo apreensivos. A filhinha não era mais uma criança. Meu pai me deu milhões de recomendações. Ah, e me deu a passagem de presente também!
Arrumei a mala e o grande dia chegou. Meus pais foram me levar no aeroporto. Não era nenhuma excursão e nem um grande grupo. Eu e o Gustavo (meu ex-namorado) fomos para o Texas. Na verdade, ele é que estava indo fazer um treinamento e eu fui junto. Era a primeira vez que eu entrava em um avião. A decolagem, os primeiros momentos do voo, tudo novo para mim.


Voar era um sonho. Meu pai sempre foi um apaixonado por aviões. Ele praticava, e ainda pratica, aeromodelismo. Eu, aos 5 anos, saía com ele às 5 da manhã para soltar aeromodelo. Voar estava no sangue. Neste mesmo ano, depois dessa viagem aos Estados Unidos eu iniciei meu curso de parapente. Hoje, já são 11 anos que voo de parapente! Eu não podia deixar de contar isso nesse livro e nem posso deixar de agradecer ao meu amigo e mestre Torres, que me ensinou a fazer a coisa mais linda que eu aprendi: voar! Terá uma foto de quando eu levei meu parapente e voei no Canadá.

Voltando à viagem. Finalmente chegou a hora do jantar. Tudo novidade, tudo ótimo. Quando todos já dormiam no avião, eu chamei a aeromoça e perguntei se podia ver a cabine dos pilotos. Naquela época era permitido ir até lá se eles autorizassem. E foi autorizado. A aeromoça me levou até a cabine. Que incrível!
Nunca havia visto tanto botãozinho na minha vida!!! Juro que deu uma vontade enorme de continuar toda a viagem sentada ali dentro, mas isso não era possível. Depois de algumas horas de sono, pousamos em Austin, no Texas. Era dia 27 de junho de 1998 quando desembarcamos, passamos pela imigração e fomos
buscar as malas.



Alugamos um carro no aeroporto e partimos em direção ao hotel. Ficamos em um 5 estrelas lindíssimo e tenho que confessar que quem estava pagando o hotel era a empresa onde o Gustavo trabalhava, afinal eu era estagiária, lembra? Passeamos pela cidade e fomos ao Capitólio. Era incrível. As casas eram realmente aquelas que apareciam nos filmes de faroeste. Eu estava no Texas!



Ao longo da semana, eu ficava sozinha durante o dia todo porque o Gustavo estava em treinamento e aí fui alugar um carro para mim. Aí começou o drama de “marinheiro de primeira viagem”. Eu não havia levado minha carteira de motorista. Lembra das recomendações do meu pai? Pois é, com tanta recomendação não levei um monte de documentos com medo de perdê-los. Bem, foi uma loucura. Liguei correndo para minha casa e meus pais a mandaram por uma transportadora. No dia seguinte, minha carteira de motorista estava lá no lobby do hotel. Tudo resolvido. Consegui alugar o carro e pude rodar a cidade toda. Estradas “lisinhas”, enormes. No primeiro dia depois do treinamento do Gustavo, fomos jantar. Neste dia uma pessoa do treinamento também foi conosco. Chegamos no restaurante, sentamos e logo o garçom nos trouxe três copos d’água, sem pedirmos nada. E eram copos grandes. Não entendemos nada. Afinal, éramos “marinheiros de primeira viagem”. Pedimos os pratos e o meu era uma massa. Nossos pratos chegaram.
Na primeira garfada conseguimos entender o porquê de tanta água. Era pimenta pura!!! Naquele momento realizamos que estávamos no Texas. Não conseguimos mais comer. Só bebíamos água e ríamos muito. No dia seguinte eu encontrei um restaurante e passei a semana inteira comendo Fetuccine Alfredo. Era o único prato sem pimenta no Texas. Também comi muito cheesburger e fiquei impressionada com a quantidade de ketchup que as crianças americanas comiam. Aproveitamos muito para comer no Pizza Hut. Como eu gosto dessa pizza! Os jantares passaram a ser pizza, sem pimenta. Claro!

Durante os dias de treinamento eu fui conhecer o centro da cidade, a universidade de Austin e, claro, curti muito a piscina do hotel. Em um dos dias na piscina, conheci uma família, na verdade a senhora com os três filhos pequenos, que curtiam o hotel enquanto o marido trabalhava. Eles moravam em Houston e estavam passando alguns dias em Austin. A senhora era mexicana, casada com um americano e os três filhos,
lindos, falavam inglês e espanhol tudo na mesma frase. Era diferente ver aquilo, ou melhor, escutar as crianças misturando os idiomas com a maior facilidade do mundo. O treinamento do Gustavo acabou e fomos ao Sea World. Fiquei encantada com aquele parque aquático enorme. Visitamos, também, uma cidade vizinha à Austin, linda, chamada San Antonio. Fomos àquelas lojas gigantescas de sapatos e tênis,
bares, pubs, tudo a que tínhamos direito. Foi a primeira vez que eu vi uma limousine de perto! Claro que eu não podia deixar de entrar em um saloon. E não é que as pessoas andavam com chapéu, bota e cinto de cowboy, mesmo?! Os texanos se vestiam assim normalmente, na rua, nos supermercados, enfim...
era o cotidiano deles.

Foi só uma semana, mas aproveitamos muito. Chegou o dia de arrumarmos as malas e voltarmos para casa. No dia 4 de julho de 1998 desembarcamos no Rio de Janeiro. De volta ao lar-doce-lar. E, sem dúvida, o gostinho por viajar só aumentava. Já queria planejar quando seria minha segunda viagem, mas o fato de eu ser estagiária limitava o plano. Até que... olha a minha segunda viagem...

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