Capítulo 4 - 2002 - Canadá


Em fevereiro de 2002, em pleno carnaval, eu estava voando de parapente em Alfredo Chaves, no Espírito Santo. Lá na rampa enquanto preparava o equipamento, começamos a conversar com um grupo de estrangeiros dos quais um era canadense. Era a primeira vez do Drew no Brasil. Perguntei de que cidade ele era lá no Canadá porque eu estava planejando passar minhas férias em Vancouver. Ele abriu um sorriso enorme dizendo que morava em Vancouver. Bem, de fevereiro até setembro, quando eu fui para Vancouver de férias, ficamos nos falando por e-mail e claro que eu levei meu parapente na viagem.

Na verdade era a primeira vez que eu conseguia tirar 30 dias de férias, mas era por uma boa causa: estudar inglês. A minha ida para Vancouver tinha a finalidade de fazer um curso intensivo de aperfeiçoamento. Pesquisei bastante, programei tudo com antecedência e fiz um intercâmbio de três semanas.

No dia 01 de setembro de 2002, eu desembarquei em Vancouver e o Drew foi me buscar no aeroporto. Foi uma viagem muito longa, com muitas conexões: Rio – São Paulo – Atlanta – Toronto – Vancouver. E eu estava bem preocupada com meu parapente. Eu tentei fazer um seguro contra perda/ roubo, mas nenhuma seguradora o fez. Então, só bastou acreditar que nada aconteceria. Quando finalmente cheguei em Vancouver, meu parapente estava lá.

Como eu estava fazendo intercâmbio, eu fiquei na casa de uma família incrível. Eles eram da África, mas moravam há anos no Canadá e me receberam com muito carinho.


Antes de irmos para a casa da minha nova família, passeamos um pouco por Vancouver. O Drew me levou para conhecer a casa dele, onde ele morava com mais duas amigas. Fomos a Granville Island, um lugar bem interessante, uma espécie de feira de comidas e artesanato. E depois fomos para a casa onde eu passaria minhas próximas três semanas.

No dia seguinte, o Drew me buscou para continuarmos passeando por Vancouver. Fomos no parque onde se encontra a Capilano Suspension Bridge. Essa ponte suspensa era considerada, até então, a mais extensa ponte suspensa construída para pedestres, com 150m de extensão. Passeamos pelo parque e depois voltei para a casa. Não havia nenhuma restrição por parte da família de eu passar o dia todo fora, porém o jantar tinha que ser com todos reunidos. O único “probleminha” é que eles tinham o hábito de jantar às 18 horas. Eu não tinha a menor fome neste horário. Estamos acostumados a jantar mais tarde no Brasil. Depois eu descobri que esse é um hábito dos canadenses, pelo menos em Vancouver. Os outros estrangeiros que conheci no curso também passavam por esta situação.

No dia 03 de setembro de 2002, as minhas aulas começaram. Afinal, meu principal objetivo era o curso de inglês. Conheci muita gente bacana. E fiz uma amizade grande com dois suíços: o Sirryl e o Javier. Eles eram bem mais novos que eu, mas ficamos muito amigos. Tinha uma italiana na minha turma e passávamos a aula toda rindo das situações. Ela tinha costumes muito parecidos com os meus.

Logo no primeiro dia de aula, já saímos todos juntos para almoçar e passear pela cidade. Assim, foi igual durante as 3 semanas. Conhecemos cada canto do centro da cidade de Vancouver.



No terceiro dia de aula, 05 de setembro, fomos até Chinatown.

Vancouver tem uma colônia chinesa muito grande. É a segunda maior na América do Norte. A primeira fica em São Francisco – EUA. A língua oficial falada nesta parte da cidade é o Mandarim e o Cantonês, mas eles também falam o inglês. É literalmente um pedaço da China dentro de Vancouver.

Depois continuamos passeando pela cidade. Passamos pelos estádios de football (não é soccer!), pelo Science World e continuamos nossas descobertas sobre Vancouver. Esse é o dia a dia da cidade.



 No dia seguinte, eu já conhecia metade dos alunos do curso. Gente de todos os cantos do planeta. Essa mistura de cultura é maravilhosa. Cada um contando um pouco das histórias dos seus países e de suas próprias histórias.

O primeiro final de semana chegou e o Drew foi me buscar para voarmos de parapente. Era dia 07 de setembro de 2002, o dia da independência do Brasil e eu estava lá no Canadá. O Drew me apresentou aos seus amigos do voo. Pessoal gente boa. Fomos para Pemberton onde ficava a rampa de voo. Esse sentado na foto é o Drew.



Conversamos muito sobre os voos e claro sobre como seria naquele local. Fazia frio. O pico das montanhas em frente à rampa estava coberto de neve. A paisagem era linda. E seria uma experiência incrível voar naquele lugar. Só que o frio era de “rachar”, mas fomos preparar os equipamentos.



Tudo pronto para a decolagem. Lá fui eu! Lembra que no início deste livro eu mencionei que você veria uma foto de voo. Aí está. A foto abaixo sou eu voando.


O voo foi perfeito. O pouso também. A área de pouso era grande e muito tranquila para pousar. Colocamos os equipamentos no carro e partimos para Whistler, que é uma estação de esqui perto de Pemberton. Naquela época ainda não tinha neve apropriada para esquiar. Mas fomos assim mesmo. Bem que eu queria ter esquiado por lá. Fica para a próxima!




O final de semana estava chegando ao fim. De novo no lar-doce-lar. Tudo pronto para a 2ª semana de aula.

No dia 09 de setembro de 2002, eu, o Sirryl e o Javier fomos ao aquário da cidade. Como eu já visitei vários aquários, acabou que no fundo, no fundo eu não achei muita graça. O mais legal foi ver o tubarão. À noite, sempre combinávamos com o pessoal do curso de, depois do jantar, nos encontrarmos em algum bar para jogarmos conversa fora. E quase todos os dias nós saíamos para um bar diferente.

No dia seguinte, 10 de setembro, fomos para a parte norte de Vancouver. Na verdade North Vancouver é um outro município. Pegamos o metrô até a estação Terminal Central Waterfront, onde se pega o seabus, uma espécie de catamarã até North Vancouver. Chegando lá fomos até a estação do bondinho (tipo o bondinho do Pão de Açúcar no Rio de Janeiro) para subirmos até Grouse Mountain. No inverno é uma excelente estação de esqui e no verão pode-se fazer trilhas, tirolesas, voar de parapente. Como não estávamos de carro, ficava impossível levar meu equipamento. Chegando lá só fiquei com água na boca para voar naquele lugar. Essa é a rampa de decolagem, que, não é nem um pouco para principiantes porque fica muito próximo dos cabos do bondinho.



No dia 13 de setembro, à noite, depois do famoso jantar em família, fomos assistir à uma partida de football americano. Nossa, são 3 horas e é muito animado. Eu não entendia absolutamente nada das regras (e continuo sem entender!), então parecia uma loucura. O juiz para o jogo a cada 5 minutos e daí entra uma parte diferente da equipe. Uma parte ataca e a outra defende. Acho melhor eu não tentar detalhar porque eu não vou conseguir explicar nada. Só digo que é muito legal assistir.



Depois do jogo fomos parar, para variar, em um bar. Ficamos até o bar fechar. Os bares, restaurantes, a noitada de maneira geral, termina cedo. Tudo fecha às 02 horas da madrugada. E fecha mesmo. Vai chegando o horário de fechar e vão te entregando a conta para pagar.

No dia 14 de setembro, sábado outra vez, fui com a minha família canadense fazer um piquenique. Eles eram muito religiosos e depois da missa (eu resolvi não ir à missa com eles) fomos para o parque. É muito comum as famílias irem ao parque nos finais de semana fazerem piquenique.

Na segunda-feira, aula outra vez. E como de costume, passeávamos depois da aula. Desta vez fomos à praia. O Javier queria de todo jeito mergulhar no mar. Vancouver tem praia também. É uma cidade com muitas atividades de verão e inverno. O verão é quente, chegando a 30ºC, enquanto no inverno chega a -10ºC. Portanto, é uma cidade que tem atividade o ano inteiro, desde ir à praia até esquiar na neve. Então, fomos à praia. Para mim estava frio. Estava em torno de 17ºC, mas para o Javier, suíço, estava quente.
E não é que o menino ficou de sunga e foi mesmo mergulhar? A água estava “congelando”, mas ele entrou assim mesmo. Esse é o Javier e esta foto foi antes de ele entrar na água.



Eu já estava na minha última semana de aula e no dia 20 de setembro foi a celebração para a entrega dos certificados de conclusão do curso. Claro que depois fomos comemorar.

No dia 21 de setembro eu estava passeando pela cidade quando escutei um instrumento muito familiar: o berimbau. Não podia acreditar. Eu estava escutando música de capoeira. Comecei a procurar o lugar até que achei, em plena cidade de Vancouver, o Quilombo do Queimado. Eu subi e fui conversar com o mestre, que me convidou para participar da roda, mas eu não tinha roupa. Fiquei só observando e foi emocionante ver os canadenses cantando as músicas e falando o nome dos golpes em português. Não daria mais tempo de eu ir ao treino porque este foi meu último dia em Vancouver (eu só voltaria lá uma semana depois) para pegar o voo de volta ao Brasil.

Antes de eu sair do Brasil, eu já havia planejado ir ao Alaska na minha última semana de férias. Afinal, fica “do lado” de Vancouver para quem mora no Brasil! Durante os dias na cidade canadense eu fui a uma agência de viagens e consegui comprar a passagem.

No dia 22 de setembro eu embarquei para o Alaska.








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