Capítulo 9 - 2006 - Venezuela


Em 2006, na verdade eu não deveria ter ido a nenhum lugar. A situação da minha mãe era muito grave, mas eu precisava descansar um pouco se não eu acabaria doente. Minha mãe veio a falecer em junho de 2006.  E esse foi, sem a menor dúvida, o dia mais triste da minha vida.

Naquela época, a Varig estava passando  por uma situação complicadíssima e eu tinha muitas milhas acumuladas no meu cartão fidelidade. Eu tinha  milhas suficientes para comprar minha passagem e da Vanessa para qualquer lugar na América do Sul. Então, resolvemos passar o feriado de 1º de maio na Venezuela. Essa viagem não foi das melhores porque  minha cabeça estava na minha mãe, mas deu para descansar um pouco.

Venezuela significa “Pequena  Veneza”. Foi Américo Vespúcio que batizou a Venezuela por associar a imagem das casas dos indígenas  construídas sobre as águas do lago Maracaíbo às casas em Veneza, na Itália.

Logo no avião, encontrei dois  amigos da época da faculdade que também estavam indo para Caracas, gastando as milhas que tinham.

Saímos do Brasil na 6ª. feira, dia 28 de abril, rumo a Caracas. Chegamos no mesmo dia 28, à noite.  Pegamos um táxi do aeroporto para a cidade e foi muito divertido porque o taxista era muito divertido. Eu e  Vanessa já tínhamos hotel reservado, mas os nossos amigos não. Demos uma volta na cidade procurando  hotel para eles, mas estava tudo cheio. O taxista nos deixou no hotel e os levou para um motel, onde eles passaram a noite. No dia seguinte, eles nos encontraram de manhã cedo no nosso hotel e contaram como foi  a noite lá onde eles dormiram e morremos de rir.

Estava chovendo, mas fomos passear pela cidade. Não achei Caracas muito bonita, apesar de saber que o país em si tem muitas belezas naturais, e quando  estivemos perto da fortaleza onde fica o presidente Hugo Chávez, achei bem assustador. Pedimos  permissão aos militares para irmos até a frente da casa do governo, mas não foi permitido tirar nenhuma  foto. Não havia mais ninguém naquela rua, e quando passávamos a guarda se armava de um jeito que  parecíamos estar fazendo algo muito errado. Não foi uma sensação muito agradável.

Fomos a um shopping  no centro de Caracas para comermos algo e decidirmos o que faríamos o resto do dia. Com um mapa na  mão, eu e o Luiz Henrique fomos buscar os lugares turísticos da região.

Pegamos um táxi e fomos para o  Cerro El Ávila que fica a 2.100m de altitude. Na base pegamos o  Teleférico de Caracas. Lá em cima tem  uma ótima vista da cidade. É um lugar bem turístico com música ao  vivo, comidas típicas e artesanato.  Provamos a famosa Cachapa e a Arepa que são muito típicas na  Venezuela.


Olha a vista da cidade.


Resolvemos almoçar lá no cerro El Ávila. Perguntamos aos locais qual era a comida típica da Venezuela e  nos indicaram um assado de um restaurante lá em cima no El Ávila. Fomos, então, experimentar o tal  assado. Pedimos couvert e um vinho. Disseram que o prato era bem servido, que dava para duas pessoas e acompanhava batatas e cebola. E não era barato não. Quando os dois pratos chegaram, não acreditamos.  Eram duas fatias de carne assada com duas rodelas de batata. Obviamente que não dava para os quatro.  Mas decidimos complementar em outro lugar.

Descemos e fomos passear pela cidade. Vimos muitas coisas  diferentes que eram até divertidas. O orelhão era uma mesa de plástico, dessas que temos nos bares aqui,  com dois telefones presos ao guarda-sol.



Os microônibus de lá chamam-se “Buceta”, o que em português não é nada polido. Uma vez li na capa de  um jornal: “Choque de dos Bucetas matan 4 personas”. “Bucetas” poderosas essas! Mas na verdade era o  choque de dois microônibus que resultou na morte de 4 pessoas. Temos que ter muito cuidado com as  palavras, pois podem ter significados nada adequados.

Vimos umas lambretas velhas como táxi e uma  máquina de sorvete que mais parecia invenção do “professor Pardal”!


Andando pelo centro de Caracas eu me senti andando na Rua Uruguaiana, no centro do Rio de Janeiro.

À  noite fomos para uma rua com muitos bares e todos com música, mas não chegava a ser uma boate. A  Vanessa se acabou de tanto dançar. Fomos dormir quase 03h da madrugada e tivemos que acordar cedo  porque iríamos para Isla Margarita pela manhã.

Nós já saímos do Brasil com as passagens para Isla  Margarita compradas e os meus dois amigos tentaram comprar na hora, mas não conseguiram pois os voos  estavam todos lotados.

Chegamos em Isla Margarita no dia 30 de abril, por volta das 10h da manhã e  fomos direto para a pousada. Deixamos as malas no quarto e fomos passear pela cidade. Isla Margarita me  fez lembrar Búzios. É uma ilha da Venezuela bem no mar do Caribe. A ilha é considerada paraíso fiscal. Lá pudemos encontrar  lojas de todas as marcas mais famosas do mundo com preços bem atrativos. Essa foto é do centro da  cidade.



Vou contar a parte mais divertida da viagem. Voltamos para a pousada e fui até a recepção para ver se  havia alguma maneira de percorrermos todas ou a maioria das praias. A recepcionista estava me mostrando  as opções quando um senhor, que veio de dentro da pousada, se aproximou perguntando de onde eu era.  Eu disse que era do Brasil, que estava passando o final de semana na Venezuela e estava vendo opções  para passear pelas praias. Ele me perguntou se eu tinha pressa e se poderia esperar uns 30 minutos. Eu  disse que tudo bem, sem entender direito o porquê da pergunta. Eu e Vanessa ficamos na recepção  aguardando o senhor voltar. Cerca de meia hora depois ele voltou com a esposa e dois amigos e disse: –  Agora podemos ir, vamos mostrar as praias para vocês.




Ele era o dono da pousada que, gentilmente, resolveu nos levar para conhecer a ilha. Paramos em várias  praias. Em uma delas, ele era dono de um quiosque onde tomamos refrigerante e cerveja e depois  continuamos visitando a ilha. Já anoitecendo, paramos em um quiosque na beira da praia para comermos  frutos do mar. Foi muito divertido e o melhor: ele não deixou que pagássemos nenhuma conta. Ele comprou  uma garrafa de vodca para fazer caipirinha e eu expliquei que eu fazia caipirinha com cachaça. Mas ele  nunca havia provado cachaça. Depois de uma recepção como esta, assim que eu cheguei no Brasil eu  comprei uma bela garrafa de cachaça e enviei para ele.

No dia 1º de maio, nosso último dia na Venezuela,  pois voltaríamos para o Brasil no dia seguinte, fomos fazer um passeio de ultraleve em uma das praias.  Primeiro foi a Vanessa e depois eu. Nem preciso dizer que eu parecia “pinto no lixo”, como dizemos aqui.  Ainda mais que eu fiquei conversando com o piloto sobre voo e ele deixou que eu pilotasse a maior parte do  tempo.


A vista lá de cima é lindíssima. O mar do Caribe tem uma coloração que parece que foi pintado.




Nessa foto a seguir, o piloto já havia até tirado os pés dos comandos. Curtimos muito o voo de ultraleve. 




Depois disso fomos até uma praia onde há a prática de windsurf. Ficamos um pouco e fomos embora  porque tínhamos que pegar o voo de volta ao Brasil.

Na fila, já na porta para entrar no avião, uma policial federal da Venezuela resolveu me parar e perguntar o que eu estava fazendo lá e por onde eu havia  passado. Pediu para olhar meu passaporte, me revistou e no final, apesar da cara de desconfiada, ela me  liberou. Até hoje eu não consegui entender o que aquela senhora estava pensando. Tenho que confessar que a Venezuela não me atraiu muito, apesar da beleza de Isla Margarita.

No ano seguinte, depois de todos os  acontecimentos de 2006, resolvi fazer uma viagem espetacular.

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